Quem poderia dizer que a produção de um jornal na Escola Municipal José Eurípedes Gonçalves, em Campina Grande do Sul, poderia transformar toda uma escola? Pois foi exatamente o que a professora Márcia Cristiane Bíscaro Kaminski fez – mudou a escola por meio da leitura da Gazeta do Povo, em paralelo à produção e distribuição do Jornal do Estudante. “Nós só temos a agradecer e parabenizar a professora Márcia por esta iniciativa” afirma a orientadora Viviane Aparecida Nunes.
O Jornal do Estudante, tão aplaudido e reconhecido, que começou como uma atividade para melhoria da leitura, interpretação e produção de textos, já está na sua terceira edição. “O uso do jornal faz parte do planejamento de minhas aulas, em uma rotina que envolve os alunos desde o começo do ano. Resolvi produzir um jornal com os estudantes para incentivar ainda mais a leitura, uma vez que eles tinham resistência em ler os textos do jornal”, explica a professora Márcia.
Para superar essa resistência, a professora começou ensinando os alunos a manusear o jornal, a entender os cadernos, fazer leitura de imagens, manchetes, títulos e diferentes gêneros textuais. Os estudantes passaram a reconhecer o papel social do jornal e quiseram criar o seu próprio meio de comunicação. “O Jornal do Estudante foi pensado inicialmente para servir como um jornal da turma, da 4.ª série, mas depois foi distribuído para toda a escola devido ao interesse dos alunos em ler a produção dos colegas”, lembra Márcia.
A professora conta que hoje o jornal está contribuindo com a transformação pessoal dos estudantes envolvidos na produção dos textos e mobilização de toda a comunidade escolar. “Os alunos vêm demonstrando um interesse maior pela produção de textos devido à prática diária da leitura, e a comunidade tem participado cada vez mais da vida na escola”, argumenta.
Para a produção do jornal, os temas das notícias são amplamente discutidos pela turma da 4.ª série e são os próprios estudantes que escrevem. “Além de discutir os fatos com as crianças, procuro fazer a comparação das notícias do jornal com as versões apresentadas nos noticiários da televisão ou da internet, abordando as diferentes maneiras de se tratar do mesmo tema”, explica a professora, que nos mostra também como faz leitura crítica da mídia e comparação editorial – dois grandes desafios para a prática docente. Revisado pela professora e impresso com recursos da escola, o jornal é distribuído para toda a escola, garantindo a grande circulação entre a comunidade.
A estudante Sara Cristina dos Santos, da 4.a série, é leitora fiel do jornal. “Eu acho que o Jornal do Estudante é um jeito divertido dos alunos da escola descobrirem um pouco dos acontecimentos do lugar onde estudam e principalmente de nossa sala de aula.”
Como resultados da atividade, a professora Márcia afirma ter conseguido despertar o interesse dos alunos pela leitura e produção de textos, além de ter estimulado a prática da cidadania no ambiente escolar. “Sem deixar de trabalhar conteúdos pedagógicos, acredito que a utilização do Jornal do Estudante em minhas aulas, foi uma ótima alternativa para estimular meus alunos e assim contribuir para uma pequena revolução na escola, mostrando a importância da leitura, escrita e da prática da cidadania. Hoje são os alunos que pedem para escrever o jornal”, finaliza.
* Esta notícia foi publicada na edição nº 148 do Boletim de Leitura Orientada (BOLO), jornal quinzenal com sugestões para o uso pedagógico do jornal, direcionado aos professores participantes do projeto Ler e Pensar.