O que o esqueleto humano, uma vaca no telhado e a merenda escolar têm em comum? Na turma da professora Silmara do Rocio Ferrarini, da Escola Municipal Antonio José de Carvalho, em Campina Grande do Sul, a resposta é o jornal.
Foi nas páginas da Gazeta do Povo que a professora encontrou um motivo especial para estimular seus alunos em fase de alfabetização a aprenderem mais sobre alimentação. “Percebi que algumas crianças traziam alimentos pouco nutritivos para o lanche escolar e outras rejeitavam a merenda oferecida pela escola. Para trabalhar um tema como este com crianças tão pequenas, é preciso utilizar também o lúdico”, afirma Silmara.
O trabalho de Silmara, apresentado na edição 147 do Boletim de Leitura Orientada (BOLO) – jornal quinzenal direcionada aos professores participantes do projeto Ler e Pensar, com sugestões para o uso pedagógico do jornal – foi importante para que a Escola Municipal Antonio José de Carvalho fosse uma das homenageadas na cerimônia de premiação do Concurso Cultural Ler e Pensar 2010, que aconteceu no final do mês passado, no Teatro Guaíra.
Um dos temas que mais agradou aos alunos foi a discussão sobre o leite. “Contei a eles uma história sobre uma vaca no telhado. Depois, lemos na Gazeta do Povo uma notícia sobre a ordenha e, conforme o interesse dos alunos ia crescendo, aprofundamos cada vez mais a discussão”, relata Silmara (foto ao lado). O interesse dos alunos levou a professora a mostrar-lhes a constituição do esqueleto humano e a necessidade de cálcio diária. “Muitos pais entraram em contato dizendo que o filho agora toma mais leite ou que incentiva os irmãos também tomarem. Isso é um resultado muito importante”, conta ela.
Para a coordenadora da escola, Maria Rita Paula Lima, a atividade foi interessante porque incentivou o aprendizado escolar, sem deixar de lado a relevância social. “A professora Silmara soube aproveitar muito bem os recursos didáticos e o conhecimento dos alunos para construir uma atividade pedagógica muito rica, que chegou até as famílias por meio dos alunos”, reconhece Rita. “O projeto também despertou o interesse por livros e jornais, inserindo-os na rotina dos estudantes”, afirma a coordenadora.
O principal resultado da atividade pode ser conferido na hora do recreio. Silmara conta que, após todo o trabalho – que envolveu o aprendizado sobre nutrição, a pesquisa na Gazeta do Povo sobre alimentação saudável, uma discussão sobre os alimentos que compõem a merenda escolar, uma palestra com uma nutricionista e produção de um folder para os pais – os alunos passaram a se interessar mais pela merenda oferecida na escola, já que 70% da alimentação servida no colégio é preparada com produtos do próprio município de Campina Grande do Sul. Isso significa o envolvimento de muitos pais de alunos, que são pequenos agricultores. Segundo Silmara, ao tomar consciência disso e do valor nutritivo da merenda, muitos alunos deixaram de trazer lanche de casa para passar a comer na própria escola, diferente do que faziam antes.