01/09/2014

Ler e Pensar: o calorão pedagógico

Trecho da matéria publicada na edição 210 do Boletim de Leitura Orientada (Bolo), do projeto Ler e Pensar

É inverno, mas a prática que trazemos nesta edição é quente! Quem não se lembra do calorão no começo do ano? Chegamos a temperaturas que ultrapassaram as médias históricas já registradas. Nem os ventiladores davam conta de refrescar. Nas escolas, um vai e vem de alunos nos corredores bebendo água, abana pra lá e pra cá – era difícil permanecer quatro horas em sala de aula. Observando essa situação e inspirados na matéria da Gazeta do Povo Calorão no PR ultrapassa média histórica de janeiro, os professores do 3º ano da Escola Municipal Antônio José de Carvalho, de Campina Grande do Sul, resolveram explorar diversos conteúdos com os alunos.

O planejamento das atividades foi feito em conjunto pelas professoras Edirlei Aparecida Rosa Pereira Duarte, Viviane da Conceição Rodrigues e pelo professor Roberson Ramos. Para começar, cada aluno ganhou uma cópia da matéria para ler, interpretar e identificar os elementos da notícia. O tema animou a garotada. “Eles questionavam bastante. Queriam saber como era a temperatura em outros estados e o que significavam as siglas Simepar e PR”, contam os professores.

Riqueza de conteúdos

A notícia foi o ‘start’ para a exploração de uma série de conteúdos e associações a diversas disciplinas. Em Matemática foi possível levar gráficos, tabelas e unidades de medida. Os alunos também acompanharam e registraram as temperaturas médias da cidade por uma semana e depois compararam as diferenças. Em Geografia, estudaram o mapa do Paraná em uma notícia sobre meteorologia e aprenderam sobre localizações geográficas, siglas e estações do ano.

Na prática

Os professores também trabalharam Ciências e foi com ela que fecharam a experiência com ‘chave de ouro’. Em uma conversa com os alunos sobre como amenizar o calor, a maioria sugeriu a ingestão de sorvetes e refrigerantes gelados. Um prato cheio para um alerta à garotada sobre os riscos ao ingerir açúcar e conservantes em excesso.  Um dos alunos sugeriu então que fizessem geladinho na escola. A ideia foi acolhida, mas de uma forma mais saudável: fariam geladinho de frutas.

Cada aluno trouxe uma fruta de casa e a produção foi feita na escola, envolvendo as três turmas e alguns funcionários. “Os colaboradores da cantina deram orientações sobre utensílios da cozinha, como liquidificador, geladeira e talheres, além de noções de higiene”, conta a pedagoga Expedita Estevão da Silva. A participação foi geral. “Foi uma prática que os envolveu com conteúdos que tinham significado. Eles participaram da construção do próprio conhecimento”, destaca. A atividade do geladinho foi tão forte na escola, que inspirou outras turmas a trabalharem o tema alimentação saudável, originando a “Semana de Bem com a Vida”, evento que levou palestras com nutricionistas e profissionais de educação física para todos os alunos.

Nas turmas do 3º ano os resultados são muitos, desde avanços na interpretação de textos ao entendimento real do que leem. “Antes podia dividir a turma entre os que estavam avançados na alfabetização e os que tinham muita dificuldade em leitura. Hoje a turma é homogênea, todos leem bem”, comemora Edirlei. Segundo Viviane, seus alunos estão mais atentos e dão respostas mais rápidas a situações problemas. “Quando a aprendizagem aproxima os alunos da realidade, o raciocínio lógico se desenvolve”, comenta. O professor Roberson Ramos também destaca a evolução. “Acompanhei a turma no 2º ano e o avanço é muito visível. Estão bem melhores em leitura, escrita e argumentação”, cita.