Trecho da matéria publicada na edição 204 do Boletim de Leitura Orientada (Bolo), do projeto Ler e Pensar..
Duas vezes ao mês os alunos de 1º ao 5º ano da Escola Municipal Emília Magalhães Ferreira do Amaral, da Lapa, têm a oportunidade de estudar e fazer as atividades escolares sobre novos temas. Esporte, gastronomia, lixo, direitos e deveres, previsão do tempo, consumo… A lista é grande e a diversificação tem um motivo: a escola está no Ler e Pensar desde 2007 e a cada quinze dias recebe os exemplares da Gazeta do Povo e a edição do Bolo. Assim que o pacote com os materiais chega, os exemplares são distribuídos entre as professoras matriculadas e elas escolhem os temas a serem trabalhados. Algumas temáticas geram tanto interesse nos alunos que continuam em outras atividades, avançam o período e são aprofundadas.
O trabalho sobre o lixo da professora Dirlene do Rocio Santos Klostermann foi assim. Ela estreou no Ler e Pensar com a turma do 1º ano, com uma das páginas de atividades do BOLO que sugeria a temática meio ambiente. A professora buscou mais notícias no acervo de jornais da escola e encontrou uma que apontava como as enchentes têm maiores consequências quando o lixo é jogado na natureza. A matéria chamou a atenção das crianças e as atividades se desdobraram. Dirlene envolveu os pais, enviando pesquisas para descobrir como era a separação do lixo nas casas; trabalhou as cores, através das lixeiras coloridas para cada tipo de material. Teve até uma visita à empresa de reciclagem do pai de uma das crianças. “Estou gostando muito de trabalhar com o jornal. Aproveito tudo, tanto para o Português, quanto para gerar a conscientização”, ressalta Dirlene.
Leitura e consciência
A pedagoga da escola, Maria de Fátima Ferreira Martins, explica que o principal objetivo é criar o hábito da leitura entre as crianças. “Fazemos de tudo para que gostem de ler”, conta, citando o “Livro Viajante”, outra iniciativa para incentivar a leitura em família. Na instituição há 24 anos, a pedagoga acredita que o trabalho com jornal expande os portões da escola. “Ficamos em uma comunidade carente da Lapa, a Vila São José, e as famílias têm pouco acesso a jornais. Para a maioria das crianças, o primeiro contato com esse recurso é na escola e elas acabam levando esse interesse para os pais”, diz.
Também é um início para enxergarem as próprias realidades por meio das notícias. Em relação à violência, por exemplo, isso já acontece nas aulas do 3º ano da professora Marizete Metz Ferreira. Aproveitando o mote da Copa do Mundo, amplamente explorado no caderno de Esportes, ela trabalhou valores e mudança de comportamento por meio das regras e disciplinas dos jogos. “Sempre tínhamos brigas e desentendimentos e agora vemos alunos mais integrados e assumindo quando descumprem os combinados”, conta Marizete.
A percepção de mundo entre os alunos também está mais evidente, principalmente na turma do 5º ano, da professora Marilda Aparecida Bittencourt. Ela trabalhou diversos temas, mas o que aqueceu os debates foi a leitura das notícias do caderno Vida e Cidadania sobre os direitos e deveres dos cidadãos – com destaque para os idosos. “Eles trouxeram situações reais que vivem diariamente e conseguiram identificar quando determinado direito não é respeitado”, conta Marilda. Um grande debate, segundo a professora, que explorou também a construção dos direitos e deveres dos alunos em sala de aula.