Entre 17 e 19 de agosto, a equipe pedagógica do projeto Ler e Pensar da Gazeta do Povo se reuniu em Salvador (BA) com coordenadores de outros programas de jornal e educação, para participar de um encontro sobre o trabalho com jornal nas escolas. O encontro, que teve como sede o jornal soteropolitano A Tarde, é organizado pelo Programa Jornal e Educação da Associação Nacional de Jornais e contribui para o compartilhamento de experiências entre os jornais e também qualifica as ações dos projetos. A edição de 2011 do encontro contou com cases de jornais estrangeiros e palestras sobre políticas públicas na educação e na cultura, educação e cultura digital, além de visitas a projetos que atuam na convergência entre educação e comunicação.
Na abertura do encontro, os diversos programas compartilharam suas principais práticas de incentivo à leitura com o jornal e salientaram as novidades implantadas no ano de 2011. Alguns projetos, como o Ler e Pensar da Gazeta do Povo mostraram dados qualitativos e quantitativos que resultam de um acompanhamento mais próximo do público atendido.
No caso do Ler e Pensar, por exemplo, 80% das escolas tiveram um aumento significativo no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Dessas, 95% atribuem o resultado à participação do Ler e Pensar em suas instituições. “O acompanhamento de resultados e indicadores oficiais demonstra a solidez do trabalho e a preocupação com a qualidade das ações educativas desenvolvidas pelo Ler e Pensar”, explica a coordenadora de projetos do Instituto GRPCOM, Ana Gabriela Simões Borges.
Comunicação, educação e cultura: uma união interessante
No segundo dia de atividades, o bom exemplo de trabalho ficou por conta do projeto Agência de Comunicação do Subúrbio, da ONG CIPÓ Comunicação Interativa. Dentre as atividades de formação humana e social para grupos de jovens das comunidades baianas, está o trabalho em grupo, garantia de direitos, desde os documentos até sua aplicação. Tudo acontece por meio da comunicação, desde as técnicas até uma compreensão ampla de comunicação para prática social.
“A comunicação nos ajuda a desenvolver nossa comunidade”, afirma um dos participantes do projeto, Messias Sales. Segundo o jovem, que antes apenas conhecia dos direitos humanos, agora ele sabe como garanti-los e como ajudar a comunidade onde vive a buscar melhores qualidades de vida.
Além de ensinar comunicação, o projeto desenvolve o conhecimento dos jovens na área de criação, captação de recursos e avaliação de projetos. No final dos módulos de formação, a aprendizagem acontece na prática. Isso porque os beneficiários criam projetos de intervenção e os aplicam em suas comunidades. A oportunidade é o que mais atrai os jovens, pois potencializa a força natural da juventude para mudanças.
O período da tarde contou com a participação de Leandro Fialho, do Ministério da Educação (Mec), e Kleber Rocha, Diretor de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura (Minc). Ambos esclareceram de que forma as políticas públicas atuam para contribuir com a formação dos educandos. “É preciso esclarecer o conceito de cidade educativa, onde todos os ambientes oferecem uma experiência de aprendizagem e podem ser aproveitados pela força da escola para contribuir com uma formação integral”, expôs Fialho.
Kátia Rocha, produtora cultural, apresentou as possibilidades de inserção de projetos na Lei de Incentivo à Cultura. Ana Gabriela Simões Borges, coordenadora do Ler e Pensar, e Ranúlfo Bocaiúva, diretor do jornal A Tarde, também fizeram parte da mesa e falaram das experiências de seus projetos com a Lei Rouanet.
Educação e Cultura Digital: um desafio com várias possibilidades
No último dia de encontro, o grupo debateu as potencialidades das novas tecnologias. Nelson Pretto, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Priscila Gonzales, da Fundação Telefônica, explicaram que trabalhar com as tecnologias na educação é criar redes sustentáveis e que contribuam com a aprendizagem de seus membros, através do compartilhamento e do respeito.
Na opinião de Priscila Gonzales, mesmo diande do desafio de envolver os educadores e os ambientes escolares nas práticas de educação com as novas tecnologias: “É preciso incentivar e qualificar o trabalho dos professores tanto em suas redes pessoais quanto profissionais”, afirma.
Para Fernanda Martins, que integra a equipe pedagógica do Ler e Pensar e participou pela primeira vez do encontro, o evento foi uma oportunidade maravilhosa e importante para o desenvolvimento de uma educação de qualidade. “Reunir no mesmo espaço os palestrantes e coordenadores de programas desenvolvidos em realidades diferentes, com propostas consistentes e inovadoras, é como redescobrir um mundo e abrir novas portas para a utilização do jornal na educação”, conclui.