21/01/2011

Haiti depende da mão de obra voluntária para se reerguer

 
A tragédia chocou o mundo – não só pelas proporções das estatísticas, como também por mostrar a quem não conhecia a mais do que dura realidade de um país muito pobre que foi castigado pelas forças da natureza. Ainda assim, o que apesar de tudo podia ser uma oportunidade de recomeço para o Haiti, um ano depois, apresenta-se como, de fato, uma realidade ainda mais triste, que só não é pior por causa da “República de ONGs” em que o país se transformou. Por lá, o Primeiro e o Segundo setor (governo e iniciativa privada) praticamente inexistem; é o Terceiro Setor, as organizações sem fins lucrativos e um exército de mais de 10 mil voluntários, que comanda a reconstrução do Haiti.
 
O processo, no entanto, é lento. O terremoto que matou cerca de 230 mil pessoas devastou o país, deixando muitos dos sobreviventes sem acesso a serviços básicos. Na semana retrasada, a UNICEF divulgou que 4 mi­­lhões de crianças continuam sem acesso a água limpa, educação e proteção contra doenças. Ainda, a Anis­­tia Inter­­nacional contabilizou 250 casos de estupro em campos de refugiados só nos primeiros cinco meses após a tragédia e a Ox­­fam escancarou a falência dos esforços de reconstrução: apenas 5% dos destroços foram removidos e só 15% das habitações, reconstruídas.
A Gazeta do Povo enviou uma equipe de reportagem para o Haiti para cobrir esse triste aniversário da tragédia e ver de perto outra realidade revelada pelos relatórios: segundo a Disaster Accoun­­tability Project, mesmo as ONGs que estão lá têm problemas. Entre outras coisas, elas oferecem pouca in­­formação sobre a utilização do dinheiro coletado: de 196 organizações pesquisadas, só 38 responderam à pesquisa da entidade, sendo que apenas 8 foram consideradas boas prestadoras de contas.
 
Crédito Foto: Eduardo Muñoz/Reuters