Poucos professores no Paraná são tão reconhecidos por suas pesquisas sobre a relação entre comunicação e educação quanto Rosa Maria Cardoso Dalla Costa, jornalista, mestre em Educação, doutora em Ciências da Informação e da Comunicação e pós-Doutora em Comunicação. A pesquisadora é referência nesta área, nacional e internacionalmente. Já atuou como jornalista, mas desde os 15 anos é professora, conhecendo profundamente a realidade social e educacional brasileira. Segundo Rosa, a educação brasileira está ruim, apesar do esforço individual de muitos professores de todos os níveis. Mas, com amor, determinação e profissionalismo é possível reverter esse quadro.
Ler e Pensar: Sua vivência no magistério está muito relacionada à percepção social que você tem. De que forma estes temas se relacionam para você?
Com uma experiência profissional tão rica, como vê o magistério hoje?
Acho a educação brasileira ruim, apesar do esforço individual de muitos professores de todos os níveis. Aliás, a educação em geral passa por um momento de redefinição de princípios e métodos. As mudanças sociais foram muito intensas e rápidas e a escola não conseguiu acompanhá-las. O aluno chega na escola com outras informações e não percebe em que a escola pode ajudá-lo a entender o mundo. É preciso investir na formação de professores, cobrar rigor dos alunos, agir com a máxima seriedade em cada ato cotidiano do fazer educação.
Ainda assim, você atua como professora. O que mantém você como docente?
O contato com as pessoas é sempre muito bom, cheio de novidades e coisas a serem descobertas. Mas o magistério é difícil. O dia-a-dia traz desafios difíceis de serem alcançados. Talvez o mais difícil deles seja o de motivar o aluno a pesquisar e a buscar o conhecimento. Precisamos ensinar o aluno a“aprender a aprender”, mas ele chega na universidade com uma representação de escola “bancária”, na qual o que vale é o que você escreve nas provas e não o teu caminho de descobertas. Poucos percebem o verdadeiro sentido da escola, poucos assumem um papel ativo no processo de aprendizagem. Tem também a desvalorização social. O magistério é desprestigiado socialmente. Todos dizem que é uma missão, mas ele está longe de ser uma profissão reconhecida. Enfim, é uma profissão contraditória. Mas apesar disso ainda consigo sair feliz de algumas aulas, com a sensação de dever cumprido, de encantamento com a possibilidade de ensinar o outro a compreender como as coisas funcionam. Eu me sinto realizada como professora.
Como vê a educação no futuro próximo?
Vejo com esperança. É preciso apostar na educação e trabalhar para que ela dê conta do seu papel na sociedade. Nenhuma instituição ou tecnologia substitui o papel da escola. É preciso investir e apostar na educação, individual, institucional e coletivamente. Com amor, com determinação e profissionalismo.
* Esta notícia foi publicada na edição nº 142 do Boletim de Leitura Orientada (BOLO), jornal quinzenal com sugestões para o uso pedagógico do jornal, direcionado aos professores participantes do projeto Ler e Pensar.