17/11/2010

Detetive de gêneros textuais

 
Um aprendizado significativo que transforme a vida dos alunos e ainda contribua com uma sociedade melhor. A proposta pode parecer muito ousada, mas ousadia é a palavra que melhor define a professora Carmen Rocio Burcz, da Escola Municipal Cecília Meireles, em Agudos do Sul. “Meu interesse é, além de ensinar os conteúdos curriculares, fazer com que os alunos levem lições para toda a vida, sendo agentes de transformação da sociedade. Para isso, é preciso começar com iniciativas simples”, desafia Carmen.
 
A iniciativa que Carmen diz ser simples, desenvolvida por ela em 2009, foi o trabalho com gêneros textuais. Ela conta que a inspiração partiu de uma professora de Paranaguá. “Encontrei um BOLO na biblioteca da escola e li o relato da atividade desenvolvida pela professora Caroline Cardoso (BOLO 127). Pensei: por que não fazer alguma coisa semelhante aqui em Agudos?”, lembra.
 
O passo seguinte foi aliar o projeto a um conteúdo que deveria ser aplicado com a turma naquele ano, mas pensando nele como uma oportunidade social única. “Meu interesse era fazer algo prazeroso, mas que permitisse que os alunos levassem o aprendizado por toda a vida. Foi aí que lembrei dos gêneros textuais, um conteúdo com grande relação com o cotidiano”, explica Carmen.
 
De acordo com a professora, o trabalho com gêneros textuais, quando bem feito, permite que o aluno conheça a linguagem, o vocabulário e formas utilizados em cada um, sendo possível aplicar em todos os níveis de ensino e em várias as oportunidades. “Escrever um bilhete, passar uma receita ou criar um poema, cada um desses gêneros tem uma característica e os alunos, cientes dessas especificidades, podem aplicar o conhecimento por toda a vida”, justifica a professora, que contou com apoio das colegas Cândida Batista, Ana Cristina Gaio da Silva e da vice-diretora da escola, Sandra de Jesus Markowicz.
 
A seleção dos gêneros textuais foi ampla, utilizando como fonte de pesquisa jornais, revistas, materiais enviados pelos pais (como receitas, bulas de remédio e receitas médicas), entre outras. Como atividade final da disciplina, cada aluno montou um livro, seguindo as normas acadêmicas. “Descobrir que o português que a gente aprende todos os dias pode tomar formas diferentes e saber como nos podemos usar de forma correta essas formas no nosso dia a dia é muito bom”, explica a menina Dara Panchyniak.
 
Para a aluna Giovana Fagundos Covalski, o projeto deu trabalho, mas ela gostou do resultado final. “Toda semana a gente trabalhava com alguma coisa diferente, como jornal, revista e livros. Cansa procurar tanto, mas fica mais gostoso aprender assim”, defende.
 
A pedagoga Greici Keli surpreendeu-se com o trabalho da professora. “O benefício pedagógico é evidente, mas a contribuição social que o trabalho trouxe foi o principal resultado conquistado pela Carmen. É um grande presente tê-la como professora de nossa escola e o apoio demonstrado pelos pais às atividades demonstra que toda a comunidade escolar concorda conosco”, justifica Greici.
 
 
* Esta notícia foi publicada na edição nº 140 do Boletim de Leitura Orientada (BOLO), jornal quinzenal com sugestões para o uso pedagógico do jornal, direcionado aos professores participantes do projeto Ler e Pensar.