26/01/2011

Cidadania na ponta dos dedos

 
Atuando há 12 anos como professora, Claudiovane de Aguiar, da Escola Municipal João Martins, em Piraquara, questionou-se sobre como poderia tornar o conteúdo curricular “O que é ser cidadão hoje” (que é abordado pela disciplina de História na 4ª série) mais interessante para os alunos. Começou então um projeto que trabalhou direitos humanos, direitos da criança e do adolescente e participação cidadã, mobilizando os estudantes e seus pais, com ações que envolveram a prefeitura do município e o jornal Gazeta do Povo.
 
O objetivo foi despertar o interesse pelo exercício da cidadania entre os alunos. “Foi surpreendente e muito gratificante perceber o interesse dos alunos pelas discussões e pelas atividades desenvolvidas”, comemora Claudiovane. Mas a atividade registrou outros resultados. “Acredito que consegui despertar uma consciência social e indicar caminhos para a melhor participação dos alunos e seus pais em sociedade, e esta é uma conquista grande, que vai ficar com eles por toda a vida”, analisa a professora.
 
O sucesso deveu-se ao trabalho de planejamento e articulação das atividades pedagógicas com a realidade social dos educandos. “Quando eu trabalhava os direitos humanos, por exemplo, apresentei a Declaração Universal, mas também promovi com eles uma leitura de imagens com fatos tirados de nossa realidade, incentivando o debate e a criticidade deles”, explica Claudiovane. “Para isto, a utilização da Gazeta do Povo foi fundamental”, conta.
 
Quando foi abordar a participação cidadã , Claudiovane utilizou sem medidas o jornal. “Uma das colunas que mais utilizamos foi a Cidadão Atento, publicada na Gazeta. Mostrei que era possível sugerir pautas, fazer reclamações, cobrar providências e que quem fazia política não eram apenas os políticos”, argumenta Claudiovane. Prova de que os alunos entenderam a atividade foi a carta produzida pelos alunos e enviada para o prefeito do município. “Os alunos questionaram o estado das ruas e calçadas ao redor da escola e estão ansiosos pela resposta da prefeitura”, destaca.
 
A professora conta que essa iniciativa, complementada com a leitura do jornal com notícias sobre as cidades e suas condições de vida, seguida por discussão e produção de textos, foi uma das que mais gerou interesse entre os alunos. “Mostrei que eles também são importantes na vida em sociedade, que o que é público é também deles, discuti sobre os impostos e procurei sempre envolver os pais, perguntando a opinião deles e promovendo essa reflexão também nos lares”, diz a professora.
 
“Meu principal resultado foi ver na oralidade dos alunos a certeza de que tinham entendido e tomado para si todas as discussões. Foi muito gratificante”. Relacionado à oralidade, um outro resultado emocionou a professora. “Um aluno que tinha muita vergonha e não conseguia ler perante a turma, superou sua dificuldade e leu a notícia que mais gostou para os colegas. Foi maravilhoso”, finaliza Claudiovane.
 
* Esta notícia foi publicada na edição nº 144 do Boletim de Leitura Orientada (BOLO), jornal quinzenal com sugestões para o uso pedagógico do jornal, direcionado aos professores participantes do projeto Ler e Pensar.