01/11/2017

1º Seminário Ler e Pensar discutiu caminhos para a Educação 3.0

“Não sou apaixonada pelo Ler e Pensar (LeP), pois paixão vai embora. Eu amo o projeto. É a maior ferramenta que tenho em sala de aula, para trazer a realidade a nossa volta. Para que buscar informação em um livro didático defasado, se eu tenho em tempo real, usando a tecnologia?”. Foram com estas palavras que a professora Sônia Maria Alves Domingues encerrou o 1º Seminário Ler e Pensar, realizado no dia 31 de outubro, em Curitiba. A docente, que participa do LeP desde seu início e já ganhou diversos prêmios com as práticas realizadas, disse acreditar que as mudanças da educação e da tecnologia só tem a somar com os educadores.

Entender os “Caminhos para a educação 3.0: a tecnologia em sala de aula” foi justamente a proposta do Seminário. “Convidamos representantes experientes das áreas de educação e comunicação para debater como a tecnologia tem impactado na maneira de ensinar”, afirmou Mariane Maio, gestora do projeto. O evento, realizado com apoio da Biblioteca Pública do Paraná, foi um sucesso de público e contou com a participação de professores do LeP, representantes das secretarias de educação do Estado e municipais, entidades da área de educação, professores do ensino privado e entusiastas do assunto.

Palestras 

Ana Gabriela Simões Borges, superintendente do Instituto GRPCOM, foi a primeira a conversar com os participantes. Sua palestra iniciou com as revoluções já sofridas pela educação: escrita, imprensa e agora a internet. Citando Moran, Ana Gabriela afirmou que “as mudanças que estão acontecendo são de tamanha magnitude que implicam reinventar a educação em todos os níveis, de todas as formas. As mudanças são tais que afetam tudo e todos: escolas, empresas, sociedade, metodologias, tecnologias, espaço e tempo”.

Uma das propostas do evento era entender o cenário paranaense e conhecer o que tem sido feito para que essa transição seja realizada da melhor forma possível pelos professores. Para contemplar esta demanda, Eziquiel Menta, diretor de Políticas e Tecnologias Educacionais da Secretaria de Estado da Educação (SEED), contou sobre a realidade encontrada no Estado e quais são os projetos que estão sendo executados.

Em estudo realizado pela SEED, apenas 28% das escolas se declararam avançadas ou muito avançadas no uso de recursos tecnológicos para ensino e aprendizado, quase a mesma porcentagem das que declararam no nível exploratório ou básico (27%) e praticamente metade das que se consideraram intermediário (46%). Ao final, Eziquiel mostrou os resultados do projeto Conectados 2.0, uma iniciativa da SEED que tem por objetivo favorecer e ampliar a discussão e o uso de tecnologias educacionais junto à comunidade escolar.

A gerente de Tecnologias e Mídias Digitais da Secretária Municipal de Educação, Estela Endlich, apresentou a realidade e projetos de Curitiba. De acordo com ela, a Educação 3.0 é uma soma da Educação 1.0 (individualização) e da Educação 2.0 (abrangência) e a única forma de fazer isso é com uma mudança de paradigma. Para ter como finalidade do processo educativo um ser humano apto a viver nesse novo contexto social e político é preciso uma nova concepção do que, como e com o que ensinar e o que desenvolver.

Mesa redonda 

Além dos especialistas, houve uma mesa redonda com professoras participantes do LeP, em que foram expostas práticas realizadas com a metodologia do projeto. A mesa foi mediada pelo web-jornalista Pedro Burgos, que foi consultor de produtos digitais da Gazeta do Povo e hoje está focado em medir o “impacto” do jornalismo, através de codificação, palestras e postagens de blog. Foram convidadas para mostrar suas práticas as professoras Luciana Castilho, da Escola Municipal Ernesto Milani de Quatro Barras, Thais Pereira, da Escola Municipal do Expedicionário de Curitiba e Janaína Chaves, da Escola Rural Municipal João Assunção de Campina Grande do Sul.

Luciana conversou como trabalhou com o assunto da Baleia Azul. Já Thais escolheu a construção de autoimagem em relação à beleza, fugindo dos estereótipos como tema. “Eu trabalho com letramento com os alunos. E olha quanto letramento consegui fazer, abordando esse assunto”, enfatizou. Janaína, por sua vez, realizou uma conscientização em relação à vacinação do HPV e conseguiu que, ao final, 79% das crianças da turma fossem vacinadas. “Nossa intenção era mostrar que mesmo com as mudanças pelas quais a educação vem passando, é possível ter excelentes resultados”, destacou Mariane Maio.

 

Professoras do Ler e Pensar participaram de mesa redonda, mediada pelo jornalista Pedro Burgos